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03.05.2017 • Febrafite

Reformas sob suspeita

*Augusto Bernardo Cecílio

No momento em que o Brasil é passado a limpo e a instabilidade política não permite que as reformas apresentadas pelo impopular e citado Michel Temer avancem, o mais correto seria que todas elas ficassem para o próximo Congresso Nacional decidir, com deputados e senadores isentos e credenciados para tais tarefas, ficando o eleitor claramente ciente e esclarecido sobre o que teria pela frente. Afinal, um presidente não ungido diretamente pelo voto jamais poderia nos atropelar com tantas reformas polêmicas sem um aviso antes do pleito.

Hoje entendemos porque Temer, Romero Jucá, Eliseu Padilha, Renan Calheiros, Rodrigo Maia, Eunício Oliveira, Moreira Franco, Aloysio Nunes, Blairo Maggi e os que já caíram defendiam a rápida aprovação, sem a devida discussão com a sociedade e os trabalhadores, das reformas da Previdência e Trabalhista e a polêmica terceirização. A Lava Jato se aproximava perigosamente.

Quanto ao Congresso Nacional, é difícil confiar na isenção de quem vota para retirar direitos trabalhistas e previdenciários, defendendo interesses escusos e de particulares, de costas viradas para a sociedade. Nem todos foram citados, mas ali existem muitos políticos contaminados, que certamente se elegeram graças aos velhos e conhecidos caciques sugadores do Estado ou bancados por empresas criminosas, o que faz com que tanta gente pergunte como até agora não foram presos e punidos, devolvendo o que roubaram.

Outra indignação é sobre a ineficiência dos órgãos fiscalizadores e controladores acerca da grande quantidade de dinheiro movimentado pra dentro e pra fora do país. Foram 30 longos anos de supremacia da Odebrecht na compra de mandatos, com malas de dinheiro indo e vindo. E se não existisse a Lava Jato? Se você é médico, experimente não declarar trezentos reais de uma consulta. Você cai na malha fina.

Diante disso, o jurista Flavio Bierrenbach defende a convocação de uma Assembleia Constituinte para reformar o sistema político, pois é ridículo que acusados se apressem nesta legislatura para criar uma tábua de salvação coletiva para políticos e partidos enlameados até o pescoço. A Odebrecth também já não tem a menor condição moral de operar. É uma empresa incriminada e os seus projetos certamente poderiam ser colocados em prática por empresas idôneas.

Ironicamente, quando várias empreiteiras tiveram envolvimentos comprovados pela Lava Jato no saque à Petrobras, muitos políticos se levantaram contra a punição severa das processadas, alertando que o Brasil e as obras não poderiam parar por trazer imenso prejuízo à nação. Ora! Que se pare tudo e que a apuração avance e salve o país. Pior seria continuar como está, com as riquezas circulando apenas nas mãos dos poderosos.

Vejam o que aconteceu com o Rio de Janeiro, por exemplo, totalmente falido por um grupo comandado por um político que se encontra preso e que deve falar muito num futuro próximo. Outro que pode abrir o jogo é Eduardo Cunha. Enquanto isso, outras delações ainda serão homologadas, expondo ao mundo o submundo da política.

Diante disso, causa indignação quando alguém defende a Reforma da Previdência alegando que é hora de cada um fazer um sacrifício pelo Brasil. Em que momento os políticos, ministros e governantes citados ou envolvidos pensaram no Brasil ou fizeram sacrifício?

Em comentário na web, Adalberto Costa foi taxativo: “Cadê o pessoal do Vem pra Rua, cadê o pessoal do Movimento Brasil Livre, cadê os que se vestiram de verde e amarelo? Vão esperar que esses bandidos fiquem livres por prescrição ou por subterfúgios? Acorda povo! Esses caras tem que ser banidos do cenário político nacional”.

Auditor fiscal da Sefaz AM.

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