A infraestrutura e a corrupção são os maiores entraves que o Brasil enfrenta para competir no mercado internacional. Apesar de ter subido uma posição, primeira melhora desde 2010, o país ainda tem um dos piores desempenhos no Anuário de Competitividade Mundial, ficando atrás dos outros membros do Brics (Rússia, Índia, China e África do Sul) e ocupando a 60ª posição no ranking de 63 nações.
O levantamento é realizado há 30 anos pelo International Institute for Management Development, com sede na Suíça, em parceria com a Fundação Dom Cabral. O ranking deste ano, um dos mais importantes para a avaliação de mercado internacional, foi divulgado na tarde desta quarta-feira (23/5).
A conclusão de especialistas é que, sem promover as reformas necessárias, em um ambiente de alta turbulência política e incerteza econômica, o Brasil perde oportunidades para avançar no ranking. “A competitividade é uma agenda de longo prazo e estamos numa tendência decrescente. Não é só governo, investidores e empresas, mas também a sociedade civil”, analisa Ana Burcharth, professora do Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da Fundação Dom Cabral e porta-voz do estudo no Brasil.
Problemas do século 19
Educação e capacitação são deficiências preocupantes. “Precisamos olhar as questões de infraestrutura, como transporte, educação, ciência e tecnologia. Temos problemas do século 19 e do século 21 e todos para serem resolvidos ao mesmo tempo. Temos falhas na educação básica, temos o analfabetismo, a baixa qualidade da educação e, além disso, a defasagem na transformação digital”, afirma Ana.
Outro fator que prejudica o desempenho brasileiro é a corrupção. “Um dos pontos avaliados pelos investidores são as práticas de gestão. Nesse quesito, houve uma queda importante. Ficamos na 53ª posição entre 63 países. O executivos acreditam que as práticas das empresas estão comprometidas. Outro ponto é a eficiência do governo nesse cenário”, acrescenta a porta-voz.
A melhor posição do Brasil foi em 2010, quando alcançou o 38º lugar. Desde então, foi caindo, até ficar em 61º no ano passado. O ponto positivo do país ficou por conta de aspectos da economia, como preços, baixa inflação e a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados da pesquisa foram consolidados entre fevereiro e abril deste ano.
Demais países
Os Estados Unidos, antes na quarta colocação mundial, superaram a China e atingiram o topo do ranking das economias mais competitivas do mundo, seguidos de Cingapura, Holanda e Suíça. O Brasil só não perde para Croácia, Mongólia e Venezuela. Os países são analisados em quatro fatores de competitividade: performance econômica, eficiência de governo, eficiência empresarial e infraestrutura.
Por Otávio Augusto | Correio Braziliense